Somente uma das duas irmãs gêmeas, de 17 anos, apreendidas na noite da última quarta-feira, 11, por envolvimento em uma confusão que terminou com um homossexual esfaqueado, foi responsabilizada pelo ato infracional e a Justiça de Itaporanga determinou sua internação. A outra adolescente, que acompanhava a irmã, apenas tentou apartar a briga, segundo o que se apurou, e foi liberada depois de ouvida pelo delegado José Pereira, que investiga o caso.
A jovem com o nome de inicial C., que é mãe de uma menina, confessou ter esfaqueado Cícero Gomes da Silva, de 38 anos, mas disse que apenas reagiu às provocações lançadas pela vítima, que teria ficado enciumada por causa da conversa das duas irmãs com um rapaz. A menor disse que estava em um bar, localizado nas proximidades da rodoviária, quando teria sido provocada. “Ele provocou eu e minha irmã, atirou um copo nos pés da gente e, instantes depois, partiu para mim, então eu tive que reagir: peguei uma faca que estava na mesa e furei ele e a amiga dele, que também me bateu”, comentou a adolescente. Embora a PM tenha apreendido duas facas de mesa no local do fato, apenas uma foi utilizada no delito e, somente, por uma das irmãs, conforme apurou o delegado, que ainda vai ouvir a versão da vítima e também o dono do bar.
A adolescente vai cumprir medida socioeducativa em um centro de recuperação para menores infratores em João Pessoa por falta de casas de acolhimento de meninas em conflito com a lei no Sertão, o que é uma grave omissão do governo estadual, que tem obrigação de garantir esse espaço, mas negligencia. “O que me deixa mais triste é ter que me separar de minha filha”, comentou ela, que é mãe de uma menina de 2 anos e 7 meses, que ficará com a avó materna. A família vive em um local chamado Beco do Mandaú, centro de Itaporanga, e tem um histórico de sofrimento e vulnerabilidade.
A adolescente foi levada para João Pessoa na manhã desta sexta-feira, 13, e ficará quase 500 quilômetros distantes da família e da filha pequena, o que é um desrespeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, conforme o próprio código. O último abraço entre mãe e filha ocorreu instante antes da viagem, dentro do xadrez da delegacia de Itaporanga, onde a jovem passou 35 horas. Ela ainda não tem advogado.
Quanto à vítima, Cícero permanece internado no hospital regional de Patos, mas seu quadro clínico é bom, apesar das duas perfurações sofridas. Ele reside com a mãe no conjunto Chagas Soares e é uma figura muito conhecida na cidade. A outra vítima que também ficou ferida durante a briga não precisou de internamento hospitalar por se tratar de uma lesão leve em um dos seus braços.Foto: momento que mãe e filha, separadas por grade, abraçam-se: lágrimas de despedida.
Folha do Vale
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