sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Nº de assassinatos no Vale cresceu ano passado e ficou bem acima do nível tolerado pela OMS


    A violência não deu trégua na região no ano passado e 2015 terminou como um dos mais sangrentos da história recente do Vale. Foram 36 assassinatos, três mortes a mais do que em 2014, quando 33 pessoas tiveram suas vidas ceifadas intencionalmente. A maior parte das vítimas tinha idade entre 30 e 49 anos (41,6%) e entre 15 e 29 anos (36,1%), conforme estatística elaborada pela Folha.
         O número de homicídios dolosos, pelo segundo ano consecutivo, foi mais de duas vezes maior do que o nível de tolerância estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 10 mortes para cada 100 mil habitantes. Aqui, a taxa ficou em 22,9. Embora muito preocupante, ainda está abaixo da nacional, que beira os 30. Também é inferior às taxas da Paraíba e do Nordeste: em 2014, por exemplo, chegaram a 38,4 e 33,7, respectivamente.
         Do total de homicídios ocorridos na região no ano passado, 32 foram homens e quatro mulheres, sendo que a arma de fogo foi usada em 77,1% dos casos. Pouco mais de 61% dos crimes foram cometidos no primeiro semestre: janeiro foi o mês mais violento de todos, com seis mortes, dois a mais do que os primeiros trinta e um dias deste ano.   
         Desde 2011, quando 19 pessoas morreram, o número de homicídios no Vale vem apresentando crescimento. O ano de 2012 terminou com 22 mortes, número que se manteve em 2013, ou seja, a única exceção de lá para cá. Depois subiu para 33 assassinatos em 2014, um aumento de 50%, e foi para 36 em 2015.
         Nos últimos cinco anos, chegou a 132 o número de pessoas assassinadas no Vale, região com pouco mais de 157 mil habitantes. Uma significativa parcela dessas mortes teve relação com drogas, incluindo a bebida alcoólica, que é comercializada legalmente.
         Itaporanga foi, novamente, o município mais violento: dez pessoas morreram assassinadas na mais populosa cidade regional, três a mais do que no ano anterior. O primeiro crime ocorreu no dia 10 de janeiro, em plena festa de aniversário do município: o jovem Adriano Bernardino, de 22 anos, teve o pescoço degolado em frente ao palco do evento, que foi cancelado em decorrência da tragédia. O autor do crime, Francimário Raimundo da Silva, 25 anos, foi preso horas depois. Outro assassinato que chocou os itaporanguenses ocorreu em dezembro, o último do ano registrado na cidade: no dia 29, a professora Isabel de Sousa Pinto, 48 anos, foi morta a tiros dentro de uma creche da qual era diretora. O motorista Antônio Leite, ex-marido dela, foi o autor do crime e se suicidou em seguida.
        O segundo município mais violento, no ano passado, foi Coremas, com oito homicídios. Conceição e São José de Caiana registraram três assassinatos. Pedra Branca e Santana de Mangueira tiveram duas mortes. Um homicídio foi registrado em Aguiar, Boa Ventura, Emas, Olho D’água, Santa Inês, Santana dos Garrotes e Serra Grande. O município de Ibiara também registrou um homicídio: a vítima foi o sargento da Polícia Militar Pedro Marques da Silva, morto a tiros no dia 17 de fevereiro em uma emboscada na zona rural.
        Tentativas de homicídio e atentados - Em relação às tentativas de homicídio, 29 pessoas foram apresentadas à morte em 2015, mas ganharam mais uma chance para continuar vivendo. Sobre os atentados, uma onda atormentou a região no ano passado: foram seis, dos quais cinco à bala a residências e uma à bomba à delegacia de Itaporanga.
        Punição - Em poucos casos, os autores de homicídios foram pegos em flagrante, mas a polícia conseguiu esclarecer a maior parte das ocorrências, com expedição de mandados de prisão preventiva pelo judiciário em desfavor de muitos acusados.


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