A definição em torno do nome do deputado paraibano foi feita em reunião com Cunha e seus aliados mais próximos na tarde de terça. O objetivo seria lançar uma "terceira via" para disputar com Picciani e o candidato já posto Leonardo Quintão (PMDB-MG) e levar a eleição para o segundo turno.
A proximidade entre os dois é conhecida: Hugo Motta chegou à CPI da Petrobras por indicação de Eduardo Cunha - que, apesar de agora estar no centro da Lava Jato, nem sequer foi indiciado pela comissão de inquérito. O deputado também tem entrada livre no gabinete presidencial e, no Conselho de Ética, embora não seja membro, é presença garantida entre aqueles que trabalham para protelar o processo que pode levar o presidente da Câmara à cassação. Apesar disso, ao lançar a candidatura, ele tentou a todo momento se descolar do seu "padrinho". "O Cunha é eleitor. Eu vou sim buscar o apoio dele, como o de todos os deputados", desconversou.
Ao site de VEJA, Leonardo Picciani ironizou a tentativa de Motta de se descolar de Cunha."No Rio tem um ditado que diz que 'se tem olho de jacaré, rabo de jacaré e olho de jacaré, não pode ser elefante'", afirmou. Picciani firmou que a nova candidatura não altera sua campanha e que continua com a expectativa de vencer logo no primeiro turno.
Hugo Motta criticou a influência do governo na eleição da bancada peemedebista. "O Planalto tem o direito de apoiar uma candidatura. Mas, na minha avaliação, se assim o fizer estará errado. Com isso, ele fecha portas para outras candidaturas que podem vir a vencer a eleição. Eu entendo que esses atores devem ficar fora do processo. Assim como não cabe à cúpula do meu partido participar diretamente da disputa, também não cabe ao governo interferir", afirmou.
Em tom amistoso, porém, o peemedebista evitou entrar em rota de colisão com o Planalto: afirmou não ser um candidato da oposição, colocou-se contrário ao impeachment de Dilma Rousseff e disse que o PMDB precisa "dialogar sobre aumento de impostos" - a principal esperança da Fazenda para arrumar as contas.
O lançamento da candidatura de Motta a pouco menos de um mês da eleição, prevista para 17 de fevereiro, representa apenas mais um capítulo das divergências no PMDB. Cunha, no fim do ano, chancelou a derrubada de Picciani, que em passado recente foi seu aliado, e apoiou a campanha de Quintão. O deputado mineiro permaneceu por apenas uma semana no posto, que voltou a ser ocupado por Picciani. Seria natural que Cunha mantivesse o apoio ao deputado mineiro neste ano, mas o mineiro acabou rifado por não ter, conforme peemedebistas, musculatura para brigar com o atual líder, apoiado pelo Planalto. Apoiadores de Quintão - e que também são próximos a Cunha - foram contra a terceira candidatura.
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