Uma Comissão Parlamentar foi criada no Senado Federal para discutir [ainda?] os fatores que têm causado tantas mortes violentas no Brasil, em especial a de jovens negros. A reunião aconteceu no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
A julgar pelo texto publicado via assessoria de imprensa do CNMP, as autoridades que participaram do encontro “debateram profundamente” o problema, mas não chegaram a nada concreto. Exceto uma conclusão:
· “encorajar as unidades do Ministério Público a criarem grupos que tratassem do controle externo da atividade policial com competência específica para atuar nos casos de mortes decorrentes de intervenção policial”.
A ideia nasceu especificamente na cabeça do professor Ignácio Cano, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ele vê como “fundamental a criação de metas de redução da letalidade policial por parte dos MPs estaduais”.
A representante da Anistia Internacional no encontro, Renata Neder, apimentou a conversa. Trazendo dados do Rio de Janeiro, ela afirmou que “a típica vítima da letalidade policial é o rapaz negro”.
E agora vejam: Entre as sugestões e encaminhamentos debatidos, a mais destacada foi uma ideia de Renata: a criação de uma força-tarefa dentro do Ministério Público; seria um grupo de trabalho dedicado aos casos de homicídio decorrentes de intervenção policial.
NADA CONTRA
O número de mortes decorrentes de “intervenções policiais”, de fato, é alto no Brasil. Não queremos de forma nenhuma negar esse dado. Pelo contrário, temos opinado neste humilde espaço que quanto mais o policial agir dentro da legalidade, melhor para ele. DESDE QUE ele tenha o direito de se negar a cumprir determinadas missões que, em sua essência, também já nascem de forma ilegal. Quem não entendeu, releia o parágrafo e faça sua reflexão.
NADA CONSTA
O intrigante é que, tomando-se por base o texto publicado na página do Senado Federal, o leitor logo passa a crer que o maior causador da violência no Brasil é a polícia. Afinal, numa mesa que reúne grandes autoridades do assunto, a ÚNICA medida apresentada para combater a violência foi “amentar a vigilância/punição sobre os policiais brasileiros”. A pena de morte imposta pelo tráfico de drogas, por exemplo, sequer foi citada.
NADA MUDA
Não faz 12 horas que o editor deste site esteve numa incursão policial, nos bairros que apresentam índices de violência elevados em Campina Grande: Pedregal, Jeremias, Araxá, Catingueira, Estação Velha...
Dezesseis policiais civis em quatro viaturas, fazendo rondas e abordagens. Sorrindo com os moradores [esquecidos pelo poder público] e alterando a voz, quando necessário. Atravessando canais de esgoto, cujo odor não chega às narinas de muita ‘gente fina’ neste país. Pisando em corredores de lama que invadem a sala do cidadão, mas JAMAIS irão tirar o brilho dos sapatos que se escondem por trás de uma mesa bem requintada. Esperando, a qualquer momento, os tiros que não raro têm os policiais como alvo em ações como essa. E, claro, preparados para o revide que, infelizmente ou não, resultam em mortes. E alimentam “conclusões importantes” como a estampada na página do Senado...
NADA
Com todo respeito, Vossas Excelências: entrem na nossa viatura, que nós mostraremos por que tanta gente mata e morre no Brasil.
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